sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O dia em que a torcida brasileira foi derrotada pelo ufanismo



   Falha brasileira? Peripécias do futebol? Nenhuma das duas. Mérito mexicano. O México foi a equipe que mais se preparou para essa Olimpíada, o próprio Mano Menezes fez essa observação. Em Wembley, os mexicanos foram organizados, objetivos e souberam neutralizar alguns setores da seleção brasileira. Esses três fatores, juntamente com a falha do Rafael, que resultou em um gol relâmpago aos 28s do 1° tempo, foram decisivos para a conquista do ouro.

   Vinte e quatro anos depois, estávamos novamente em um final olímpica, almejando o único título que falta a seleção pentacampeã do mundo. A torcida brasileira amargou a terceira prata do futebol masculino, em Olimpíadas. Talvez, tenha sido a mais dolorosa. O otimismo nacionalista reinava no coração do brasileiro, e em nenhum momento alguém parou e pensou que o México não estava na final por acaso, que aquela base sub-23 já vinha sendo trabalhada há alguns anos e foi campeã no Pan, em Guadalajara. Essa é a causa pela qual muitas vezes a torcida verde e amarela se frusta. Menospreza a concorrência e confia demais no produto da casa. 

   Descartando o mérito mexicano, podemos destacar alguns lapsos brasileiros. Enxergamos a olho nu o erro de passe do nosso lateral-direito, mas também temos que frisar outros pontos. A escalação do Alex Sandro, no lugar do Hulk, foi taticamente correta, mas na prática não funcionou. Ficou percebível a carência de recursos dos nossos volantes, tanto que o Oscar tinha que recuar para receber a bola e arquitetar a jogada. Colocar um arsenal de atacante no gramado foi insensato, perdemos o meio-campo. E para finalizar, apesar de possuirmos talentos individuais, é nítido que o nosso coletivo não é cem por cento.

   Após o tombo, é momento de fazer ponderações e reconsiderar determinados propósitos. Não podemos apontar culpados, 'o futebol tem dessas coisas'. Cogita-se uma possível mudança de comando, mas vale lembrar que não adianta trocar seis por meia dúzia. Dois anos separam os canarinhos da Copa. Nesse período é necessário traçar um planejamento e colocá-lo em prática. Próximo ano teremos mais um teste prévio ao mundial, a Copa da Confederações, a mesma será essencial para avaliarmos o que mudou na nossa seleção dez meses após a decepção londrina.

UERA Euro 2012 Poland-Ukraine


   Despedida do ídolo. A derrota por 1 a 0, para os ingleses, foi um marco no futebol ucraniano: foi a última partida oficial de Andriy Shevchenko com a camisa da Ucrânia. O craque é o maior artilheiro da história da seleção ucraniana, 48 gols em 111 jogos.




   Relevando alguns equívocos, tivemos uma arbitragem ponderável. O maior falha da arbitragem ocorreu no confronto entre Ucrânia x Inglaterra, válido pela fase de grupos. O chute do Devic foi cortado pelo zagueiro inglês, Terry, dentro das redes. Tal fato, colocou em questão a velha polêmica do uso de tecnologias no futebol.




   A participação holandesa na Euro 2012 é pra ser esquecida. A "Laranja Mecânica" foi eliminada na fase de grupos com zero porcento de aproveitamento. Os holandeses era cotados para brigarem pelo título, porém apresentaram um futebol bem abaixo da média e deixaram a competição em meio a uma crise. Robben: 'Foi a pior temporada da minha vida.'





   As mandantes da competição, Polônia e Ucrânia, também foram pro chuveiro mais cedo. Após uma desarmônica fase de grupos, as donas da casa deram adeus a Eurocopa. Mas, os poloneses e ucraniano estão de parabéns. Ambos desempenharam muito bem seus papéis de anfitriões. 



   As ativistas do Femen, protestando contra o turismo sexual, roubaram a cena na Euro. Tivemos até presença de uma brasileira no grupo. Alegavam: 'Isso não é festa de futebol, é uma festa de turismo sexual e prostituição." 





   Os arqueiros trabalharam muito. Vimos defesas grandiosas. Foram extremamente fundamentais no desempenho de suas equipes. Destaques: Casillas, Buffon e Neuer. 



   A torcida fez bonito nas ruas e nos estádio. Das belas irlandesas aos festeiros italianos. Ela estava ali aplaudindo, independente de derrota ou vitória. Algo que marcou foi quando a Irlanda perdia de 4 a 0 pra Espanha, e sua torcida cantava empolgadamente apoiando a seleção.







   Infelizmente, nos deparamos com lamentáveis demonstrações de racismo na Eurocopa. O atacante italiano, Mario Balotelli, foi a principal vítima desse ato repugnante. Mas, isso não ofuscou o brilho do Balotelli, ele respondeu as atitudes racistas de forma gloriosa: foi o responsável pela classificação da Azurra para a final da competição.




   Na concepção do craque, Cristiano Ronaldo, a Euro foi uma "injustiça". Não foi injustiça. Portugal foi eliminado nas semifinais, numa partida equilibradíssima contra a poderosa Espanha. Além disso, o camisa 9 foi decisivo para equipe lusitana na fase de grupos e nas quartas de final.




   Comandados por Vicente Del Bosque, os espanhóis bailaram no Estádio Olímpico de Kiev. Massacraram a Itália. David Silva, Jordi Alba, Fernando Torres e Juan Mata deram números a partida. É a melhor seleção do mundo: Eurocopa 2008, Copa do Mundo 2010 e Eurocopa 2012. Impuseram o seu gentil toque de bola e dilaceraram o discurso dos que consideram seu futebol "sonolento". 'La Furia Roja Campeone!'












Seleção Euro2012


Iker Casillas (ESP); Gebre Selassie (CZE), Pepe (POR), Sérgio Ramos (ESP) e Jori Alba (ESP); Andrea Pirlo (ITA) e Khedira (ESP); David Silva (ESP), Iniesta (ESP) e Cristiano Ronaldo (POR); Fernando Torres (ESP).
Técnico: Joachim Löw



Baila, baila...




   A Seleção Espanhola é finalista da Euro 2012 apresentando seu futebol solidificado no toque de bola refinado. Tal toque de bola, vem despertando críticos, ou seja, há quem não goste, e o intitulam de "sonolento". O cômico é que há algum tempo atrás, essa imensurável troca de passes, não dava sono em ninguém. Ao invés de "sonolento", era chamado de "jogo bonito". Me pergunto: Por que estão surgindo tantas alfinetadas? Caso o sistema não estivesse funcionando, era justificável. Mas, contrariamente, vem rendendo muitas glórias. Então, podemos julgar que as críticas decorrem da pura implicância que, geralmente, é despertada em relação aos papa-títulos. 

   É a maneira barcelônica de jogar bola. O que vemos no gramado é uma verdadeira tourada: Olé! Foi essa a maneira que os espanhóis encontraram para extinguir a frase: "A Espanha joga como nunca e, perde como sempre!". Foi com esse toque de bola que a Fúria sagrou-se campeã européia em 2008 e, posteriormente, conquistou seu primeiro título mundial em 2010.

   Monótono?  Sou adversa à essa ideia. Aprecio o baile espanhol.